Astrologia Maia

13/06/2016 18:41

A civilização Maia foi, assim como a Asteca e a Inca, mesoamericana e pré-colombiana. Ocupava partes do que é hoje México, Guatemala, Belize, El Salvador e Honduras. Foi notável pelo desenvolvimento civilizatório, representado pela escrita, arquitetura, matemática, astronomia, entre outros.

Teve três períodos: pré-clássico (1000 a.C. – 250 d.C), clássico (250 d.C – 900 d.C) e pós-clássico (900d.C – 1697). Porém algo da cultura e do povo ainda permanece em várias regiões do que foi no passado, o Império.

No seu auge (período clássico), era um dos centros mais populosos do mundo. O declínio começou nos séc. VIII – IX, quando as cidades do sul foram abandonadas. O motivo ainda não foi elucidado, porém há teorias ecológicas como o esgotamento dos recursos naturais, e teorias populacionais como superpopulação ou invasões.

O pós- clássico, do séc. X ao XVI, as cidades do Norte, ainda resistentes, também entraram em declínio, principalmente pela invasão Espanhola. Em 1697, o povo maia foi definitivamente conquistado.

O que restou do passado desse povo foram restos arqueológicos das grandes construções como pirâmides escalonadas ( centros religiosos) e palácios ( centros políticos), além de poucos escritos.

Em linhas gerais, acreditavam na divisão do cosmo em céu, terra e submundo, eram politeístas e em ocasiões especiais faziam sacrifícios de animais e humanos, cercados de grandes ritualizações.

Astrologia

A cosmologia mitológica maia elaborou toda base do sistema religioso e social do seu povo.

Os maias desenvolveram muitos calendários, entre eles alguns ainda quase desconhecidos. Entres os conhecidos temos o lunar, o solar, o “da paz”, o de longa data e o de vênus.

O primeiro calendário é o lunar, composto de treze meses de 28 dias, resultando em 364 dias, onde o dia restante para completar a ano seria o dia fora do tempo, dedicado a festejos e contato com o mundo espiritual pois seria o dia mais favorável para sintonização entre planos. Era corresponde ao dia 25 de julho do calendário gregoriano. Esse calendário forma ao treze “signos” maias, que tem nomes de um animais: macaco, falcão, jaguar, raposa, serpente, esquilo, tartaruga, morcego, escorpião, veado, coruja, pavão real e lagarto.

O segundo calendário é o do Sol, chamado Haab, baseado no movimento do astro e considerado apenas como uma medida material pois se relaciona, pela visão maia, pela simples ação de um corpo celeste  sobre outro. Era utilizado para datas objetivas como épocas de recolher impostos e épocas de colheitas.

A interpretação da passagem do tempo para os maias era muito complexa, porque de acordo com o tipo de calendário, hora é tido como linear (passado, presente e futuro) e hora tido como cíclico (etapas que se repetem).

O principal calendário que marcava o tempo linear era uma combinação do Haab com outro muito importante chamado Tzolkin, ou da paz. Juntos formavam a roda calendária.

Tzolkin é composto de ciclos de 260 dias e tem caráter profético, sendo utilizado para determinar por exemplo o nome e missão das crianças, segundo a energia que agia naquele dia do nascimento. Para tal, utilizava-se a bússola maia, composta de discos que alinhavam a data, a energia crôno-psíquica individual.

Para entender a bússola, há de se entender primeiramente um tabuleiro chamado de Telektanon, que acompanhava diariamente “personagens” sobre o universo astral dominante e representava a fragmentação que cria o universo palpável. Outro conceito importante são os tons e os selos que formam o calendário da paz.

Temos 13 tons:

OBS: Os nomes aplicados aos símbolos maias apresentam a grande curiosidade de fazer alusão a movimentos espaciais, demonstrando um pensamento que considera em muito, tudo que se relaciona a uma realidade  e ciência maiores ao próprio planeta terra. É uma noção original de forças espaciais jamais vistas até então por um povo antigo.

  E depois temos 20 selos, compostos de ideogramas mais complexos, com símbolos e cores:

 

 

O Tzolkin é a combinação de selos e tons, ou seja, 13 tons X 20 selos = 260 dias ou 260 Kin. O ano Tzolkin (260) + 105 (próximo tzolkin ) completam os 365 dias, sendo o dia 25/07 o dia fora do tempo.

Ao relacionar as datas gregorianas a maia, a data anterior a 25/07, corresponde ao ano anterior e a data após esse dia corresponde ao próximo ano. Isso porque o ano maia começa (ou cicliza) com 6 meses.

(Para usar a bússola maia, alinhava-se vários disco relacionando o horário, o Ton, o  selo, o ano, e as quatro direções.)

Em relação aos selos, eles teriam uma outra interpretação, como famílias solares, ou como processos da psique. A divisão é feita pelas cores:

a)   Vermelho: entrada ( informar)

1 Nutrir – ser – nascimento

2 comunicar – alento – espírito

3 sonhar – intuição – abundância

4 focalizar – percepção – florescimento

b)   Branco: memória (recordar)

1 Sobreviver – instinto – força vital

2 Igualar – oportunidade – morte

3 Conhecer – cura – realizar

4 Embelezar – arte – elegância

c)   Azul: processo (formular síntese )

1 Purificar – fluxo – água

2 Amar – lealdade – coração

3 Brincar – ilusão – magia

4 Influenciar – sabedoria – livre-arbítrio

d)   Amarelo: Saída (expressar, exteriorizar)

1 Explorar – vigilância – espaço

2 Encantar – receptividade – atemporalidade

3 Criar – mente – visão

4 Questionar – intrepidez – inteligência

e)   Verde: matriz (auto-regular)

1 Evoluir – sincronicidades -  navegação

2 Refletir – ordem – infinito

3 Catalisar – energia – auto-geração

4 Iluminar -  vida – fogo universal.

 

OBS: Olhando atentamente todas essas subdivisões e termos, observamos que a forma de entender o psiquismo, tanto individual quanto coletivo, é muito complexa e intelectualizada,  mostrando não só uma grande capacidade de conhecer e reconhecer a realidade, como também uma originalidade própria para expressar essa realidade, não vista por outros sistemas, como a astrologia ou  sistemas cognitivos modernos. Isso mostra que a capacidade de interpretação subjetiva e abstrata do pensamento maia, é extremamente rico e único.

 

Outro calendário muito importante é o de longa data, ou Tun, que tem correlação com a história do universo, da civilização e do processo de conscientização no sentido da percepção do conhecimento. É feito de 9 ciclos e seu sistema numérico é vigesimal ( de 20 em 20). Sua descoberta foi feita através de um monumento em Yucatan, no México, com inscrições de 2500 anos e que apresentava uma longuíssima duração.

 As etapas cíclicas  representam uma sequencia de aumento gradual de consciência, onde cada ciclo subsequente é 20 vezes menor, ou mais rápido.

Cada ciclo é dividido em treze partes, chamados noites e dias ( onde cada dia e cada noite corresponde a períodos de tempo maiores e não literalmente 24 horas). Há sempre um clímax positivo no quinto dia  e quinta noite, onde tudo é assimilado, e um clímax negativo no sexto dia, onde tudo o que sobrou é eliminado, preparando-se para o próximo ciclo.

O calendário começa com o que seria o Big-Bang, com 13 X 20^7 Tun, ou seja 16,4 bilhões de anos. O quinto dia seria a criação do Sol e o sexto os bombardeios de corpos no espaço. E assim por diante, sempre com eventos construtivos e destrutivos no que seria o quinto e sexto dia. O último ciclo dos nove, corresponde a 13X 20 Kin, ou seja, 260 dias, onde acaba a contagem do tempo.

 

OBS: Alguns interpretam que o passar do tempo do calendário de longa data vai representando com seus clímax toda a história da humanidade, incluindo a moderna, a partir de determinado ciclo, chegando até nossos tempos, inclusive com uma data que já até passou (21/12/2012), ou seja, o mundo teria acabado nesta data. Porém, seria mais lógico considerarmos apenas a história maia, levando em conta que como civilização na terra que ela acabou lá atrás e continuou de forma “espiritual”, ou em outro  lugar, até a data de 21/12/2012, onde a civilização como um todo seria elevada a outro plano. É uma especulação obviamente, baseada no mistério que permanece no desaparecimento e abandono maciço das cidades de grande parte do povo maia.

 

O último calendário mais conhecido é o do planeta Vênus, que acompanhava toda movimentação do planeta, por um longo período de tempo e cuja finalidade ainda não está elucidada.

Natália Verdial