Xintoísmo

18/05/2015 12:37

Xintoísmo

 

O xintoísmo e o budismo são as duas principais religiões do Japão, sendo que o xintoísmo tem aproximadamente 119 milhões de praticantes no país e 80% da população tem atreladas as duas práticas. Enquanto que o budismo tem origem indiana e influência chinesa, o xintoísmo é a religião primitiva do Japão.
A história dessa religião se confunde com a própria história do povo japonês. As primeiras migrações teriam chegado ao país (não se sabe de onde), na forma de tribos, que se desenvolveram de forma isolada, com suas divindades e ritos próprios. Acredita-se que a linhagem que prevaleceu unificando as tribos em país, se transformou na dinastia imperial que seria a mesma até hoje e foi incorporada nos primórdios como sagrada, fazendo parte, de certa forma, ao próprio xintoísmo, que se originou de toda essa mistura.
Quando chegou o budismo, houve um sincretismo natural, onde ambos se adequaram, o budismo assimilou as divindades xintoístas e o xintoísmo se estruturou em templos e cerimônias.
Por um período (sec XVII), teve início o Xintoísmo estatal, onde era a religião oficial do país e ressaltava a raça japonesa e divinizava o imperador. Essa situação teve fim no final da segunda guerra mundial.
Alguns estudiosos chegam a não considerar o xintoísmo como religião, por não possuir leis, filósofos, profetas, livros sagrados oficiais com dogmas e nem fundador, porém, a presença estrutural na vida dos adeptos, confere uma importância muito mais do que significativa como prática religioso e social.
A palavra “xinto” quer dizer caminho dos deuses e apresenta como bases o politeísmo, a purificação, a harmonia com a natureza, que é encarada como parceira e guia, o culto aos ancestrais e respeito aos mais velhos. Nesses aspectos, tem uma grande similaridade com as religiões pagãs europeias. Para o xintoísmo, todo universo é divino, interligado e independente.
Outra característica principal é o culto ao Kami, termo que não deve ser entendido de forma literal porque a essência se perderia. Kami são os deuses (pelo papel mitológico), mas também são os espíritos notáveis como de guerreiros e antepassados, e são ainda fenômenos naturais, lugares, plantas, ou seja seres e forças vitais e/ou espirituais. Nem sempre são bons, e tão pouco tem poderes ilimitados.
O símbolo do xintoísmo é o Tori, que indica a presença de um santuário próximo e significa a separação entre o espaço profano e o sagrado, ou dos homens e dos kamis.

 

A principal deusa é Sol Amaterasu Omikami, a deusa Sol.

 

Outros deuses são: Tsukiyomi-no-Mikoto, o deus Lua, e Susano-O-no-Mikoto, o deus do mar e das tempestades
As mais antigas fontes literárias são as narrativas míticas dos “Anais das Coisas Antigas’ (Kojiki – ano 712) e “Crônicas do Japão” (Nonihongi – ano 720).
Segundo o entendimento xintoísta, a realidade se estrutura entre Alta Planície Celeste, onde ficam os Kamis do céu, Planícies Canaviais, onde ficam os humanos e País de Yomi, que é o mundo dos mortos. Paralelamente a Planície Canavial fica o País Eterno onde ficam os ancestrais em felicidade e eternidade.
A mitologia diz que os deuses surgiram do caos e através de diversas gerações divinas, um último casal foi criado (Izanagui e Izanami)  e eles foram responsáveis pela criação das ilhas japonesas e outros deuses secundários. Quando  Izanagi volta dos infernos(ocasião  da morte de Izanami), ele se purifica e daí surgem a deusa Sol, a Lua e Susanoo. A família real descende da deusa Sol.
Hoje, existem várias formas de praticar o xintoísmo: nos santuários (festas e venerações), doméstico (altar com amuletos e oferendas), imperial ( ritos e cerimônias), seitas ( com fundadores), popular (sem sistematização doutrinária) e sacerdotal ( homens  ou mulheres que podem se casar, além de Mikas que são virgens monásticas).
Existem cerimônias para comemorar conquistas, para batismo, para aniversários, para pedir filhos, casamentos, bodas, cerimônias fúnebres e em memória de antepassados. Existem também purificações em idades especiais para homens e mulheres, e para idades mais avançadas como 70, 77, 88, 90 e 99 anos.
O principal centro das tradições do xintoísmo é o Templo Kashikodokoro que fica no Palácio Imperial Japonês em Tokio. 
Outro centro importante é o  Grande santuário de Ise ( principal templo dedicado a Amaterasu).

 

O Santuário Itsukushima é uma das atrações turísticas mais populares do Japão. A vista mais famosa é do Torii, um portão de mais ou menos 16 metros de altura, de madeira, cuja última versão é de 1875, mas está em vigor desde 1168. Em maré baixa, ele é acessível a pé.

 

Em Cotia/SP fica o Templo Zu Lai, templo principal do Xintoísmo no Brasil.

 

Natália Verdial

Características como capacidade de adaptação, recepção de novas culturas, nacionalismo, culto aos antepassados, respeito aos mais velhos, respeito a natureza e higiene, tão admiráveis no povo japonês, muito tem haver com essa rica religião, que passa através da história, de geração em geração de forma tão bonita e harmônica.